sexta-feira, 28 de setembro de 2007

A esquizofrenia das tiragens

Jornal de Notícias, Diário de Notícias, Correio da Manhã e Público alinham, hoje (aqui, aqui, aqui e aqui), na verdadeira esquizofrenia das tiragens. Pelos vistos ganharam todos. Ou será que perderam todos?

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Para todos os jornalistas precários


João Pacheco (o segundo da esquerda para a direita, na foto de José Frade) , Prémio Revelação 2006 atribuído pelo Clube dos Jornalistas, proferiu um discurso singular na noite de entrega do galardão.
Por serem palavras de excepção, que suscitam ou deveriam suscitar reflexão individual e colectiva, aqui fica o seu discurso de agradecimento:

"Não sei se é costume dedicar-se este prémio a alguém, mas vou dedicá-lo. A todos os jornalistas precários.
Passado um ano da publicação destas reportagens, após quase três anos de trabalho como jornalista, continuo a não ter qualquer contrato.
Não tenho rendimento fixo, nem direito a férias, nem protecção na doença, nem quaisquer direitos caso venha a ter filhos.
Se a minha situação fosse uma excepção, não seria grave. Mas como é generalizada – no jornalismo e em quase todas as áreas profissionais – o que está em causa é a democracia. E no caso específico do jornalismo está em risco a liberdade de imprensa".

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Comparação legítima


A comparação não é perfeita, mas é legítima

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Um vergonhoso acordo de Tordesilhas

PS e PSD ultimam um vergonhoso acordo de Tordesilhas.

A crer no que, em diversas ocasiões, foi já noticiado, e sobretudo no que o "Diário de Notícias" publica hoje, PS e PSD ultimam uma divisão por dois do país autárquico. Por outras palavras, o partido mais votado, ainda que sem maioria, transforma-se administrativamente em maioria e fica com mãos livres para formar um executivo; para a oposição fica uma "representação mínima".

Na prática, significa isto que, em 2009, PS e PSD vão disputar eleições autárquicas sabendo-se, de antemão, que só esses dois partidos terão, em 99% dos casos, hipótese de formar executivos camarários. Quer isto dizer, também na prática, que PCP (ou CDU), CDS/PP e BE não podem acalentar o mais pequeno sonho de influenciarem politicamente qualquer decisão local, apesar do país se apresentar e ser internacionalmente reconhecido como sendo um regime democrático.

sábado, 15 de setembro de 2007

Bons ventos mesmo aqui ao lado

Lê-se no “El Pais” de hoje que o Governo está a estudar a criação de um fundo especial de ajuda aos espanhóis que não conseguem pagar mensalmente o empréstimo contraído para a compra da sua casa, em consequência da ininterrupta subidas taxas nos 12 últimos meses. E por cá? Por cá o fenómeno repete-se. Repete-se o fenómeno do endividamento, não a ajuda que o Estado poderia, ou não, criar…

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Um Pato e um Puma ao murro

O "fair-play" no desporto já teve melhores dias. Por cá e por lá fora.

Depois do triste espectáculo do "tapa" de Scolari num jogador da Sérvia, no final de um jogo de apuramento para o próximo Campeonato da Europa de Futebol, o "espectáculo" continua do outro lado do Atlântico, nos Estados Unidos da América, para ser mais rigoroso, país talhado para feitos estranhos e insólitos. Não é que, um dia destes, um Pato desatou a socar um Puma num jogo de futebol americano?! Não acredita? Então veja:



Pato que se preze não gosta de ser imitado por um simples Puma, vai daí, e com alguns golpes de wrestling à mistura, o Pato resolveu o problema em três tempos: à chapada!

Há quem pense que tudo não passou de uma enorme encenação, mas o certo é que a federação lá do sítio fez aquilo que, muito provavelmente, a Federação Portuguesa de Futebol já deveria ter feito a Scolari: suspendeu o Pato até final do campeonato.

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Pieguice

Não sou dado a nacionalismos estéreis, nem me emociono facilmente com as tretas da nação...

Mas a forma como a selecção nacional de râguebi cantou o "A Portuguesa", na entrada da sua estreia no Campeonato do Mundo da modalidade, despertou em mim coisas estranhas. Emocionei-me e, até, lacrimejei.

Pieguice...



Nota: não percebo rigorosamente nada de râguebi, e devo ter visto, em toda a minha vida, qualquer coisa como 12 minutos de uma partida entre duas equipas universitárias.

Nonagenária global


Dei de caras, hoje, no "El Pais", com uma história que gostaria que fosse originalmente minha: María Amelia é uma idosa (95 anos) de Muxía, na Costa da Morte (A Coruña, Espanha), mesmo aqui ao lado, que mantém vivo um blogue com actualizações quase diárias.

De vez em quando, sabe bem ler uma história inesperada, bem contada, normal.

segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Steve Biko


No ano passado alinhei aqui umas palavras em memória da brutal repressão da polícia sul-africana no Soweto que redundou na morte de dezenas de crianças negras. Nesse mesmo texto, que pretende apenas manter a memória viva, falei também em Steve Biko, o presidente honorário da Convenção dos Negros que morreu a 6 de Setembro de 1977 vítima do selvático espancamento com que o regime do "apartheid" o calou para sempre.

A história deste homem - que a wikipédia conta em pinceladas muito leves - merece ser contada e recordada. Como, de resto, todas as histórias de todos os que lutaram e lutam pela liberdade.

À passagem dos 30 anos da morte de Biko recordo o discurso feito, em 1997, pelo então presidente Nelson Mandela. Uma leitura importante que encontrei aqui:


Ntsiki Biko e membros da família Biko;

Distintos convidados;

Senhoras e Senhores,

Estamos hoje aqui reunidos para prestar homenagem a um dos maiores filhos da nossa nação, Stephen Bantu Biko. A sua esperança na vida, e a sua vida de esperança são retidas nas vibrantes palavras: "Com tempo, estaremos em posição de conceder à África do Sul a melhor prenda possível - uma face mais humana."

Estamos aqui reunidos para reafirmar o nosso compromisso com este ideal; a esperança de um gigante, legado à nossa terra por uma região que através dos séculos gerou homens e mulheres de enormes qualidades, líderes que se submeteram a provas nas mais difíceis condições. Uma região que fomentou uma tradição de luta incessante e inflexível desde os dias de Hintsa; que passou por Enoch Sontonga, Vuyisile Mini, Matthew Goniwe, Ford Calata, Sparrow Mkhonto, por Griffiths e Victoria Mxenge - para citar apenas uns poucos.

O evento de hoje é uma demonstração da nossa decisão de preservar as memórias dos nossos heróis e heroínas: de manter viva a chama do patriotismo que arde nos corações e mentes de pessoas como Steve Biko; de resgatar o compromisso de dar uma face mais humana a uma sociedade por séculos espezinhada pela bota da desumanidade.

Nos elogios aos que partiram, os trabalhos dos vivos muitas vezes têm pouca relação com a realidade. Mas o que se disse sobre Steve Biko, o que passou através dos muros de Robben Island e de outras prisões através dos boatos políticos, passou pelo exame do tempo. Que ele era realmente um grande homem que se manteve de cabeça e ombros acima dos seus pares comprova-se não só pelos testemunhos dos que o conheceram e trabalharam com ele, mas também pelos frutos das suas iniciativas.

A história requereu os esforços de Steve Biko numa época em que o pulso político do nosso povo tinha enfraquecido pelos desterros, pelas prisões, os exílios, os assassinatos e as expulsões. A repressão tinha varrido o país de toda organização popular visível. Mas a cada viragem da história o apartheid estava destinado a gerar a resistência; estava votado a trazer à vida as forças que iriam garantir a sua morte.

Os ditames da História trazem para a primeira linha o tipo de líderes que agarram o momento, que interpretam os desejos e as aspirações dos oprimidos. Steve Biko era um desses, um produto do seu tempo; um orgulhoso representante do redespertar de um povo.

Foi um tempo em que a maré da valorosa luta da África e a sua libertação, avançando nas nossas próprias fronteiras, estava a consolidar o orgulho negro através do mundo e a provocar a determinação de todos os que eram oprimidos a tomar o destino nas suas próprias mãos.

É também muitas vezes o destino de uma liderança ser incompreendida; os historiadores, os académicos, os escritores e os jornalistas reflectem as grandes vidas de acordo com os seus próprios cânones. Isto é ainda mais evidente num país onde os intérpretes têm recursos muito maiores para publicar opiniões relacionadas com a procura da dignidade e da identidade nacional.

Desde o início, a consciência negra articulou-se com uma "atitude, um modo de vida". De várias formas e sob vários nomes, antes e depois desse momento, esta atitude e este modo de vida correram nas veias de todas as forças motivadoras da luta; acenderam a determinação tanto dos líderes quanto das massas.

A ideia-chave da consciência negra era forjar o orgulho e a unidade entre os oprimidos, para derrotar a estratégia de dividir para reinar, para criar orgulho entre a massa do nosso povo e a confiança na sua capacidade de libertar-se da opressão.

E, por seu lado, o Conselho Nacional Africano, desde os primeiros anos dos 70, acolheu a consciência negra como parte das forças genuínas da revolução. Compreendeu que estava a dar forma organizativa ao levantamento popular de todos os grupos oprimidos da nossa sociedade. Acima de tudo, o movimento de libertação sustentou que, na luta - na acção de massas, na organização clandestina, nas acções armadas e na mobilização internacional - o povo iria mais prontamente desenvolver consciência do seu orgulho de ser, da sua igualdade com qualquer outro, da sua capacidade de fazer história.

É ao mesmo tempo natural e motivo de orgulho que a esmagadora maioria de jovens lutadores que afiaram os dentes e formaram o seu ser político no Movimento de Consciência Negra sejam hoje líderes por direito próprio nos governos nacional e provinciais, no serviço público, no Judiciário e nas estruturas de segurança e de espionagem do governo democrático. Eles podem ser encontrados nas profissões, nos negócios, no movimento sindical e noutras estruturas da sociedade civil - estrategicamente colocados para deixar a sua marca na nova ordem que está a ser construída.

A atitude e o modo de vida que Biko e os seus camaradas defendiam são amplamente necessários hoje. São relevantes porque nos definimos como uma nação africana num continente africano. São pertinentes na nossa vontade de afastar a tentação de nos tornarmos clones de outros povos.

Uma nova atitude e modo de vida são necessários nos nossos esforços para mudar a condição humana. Mas só podem prosperar se tivermos sucesso nesse esforço comum de construir uma vida melhor. São necessários quando nos empenhamos em trazer todo o poder para as mãos do povo; quando procuramos moldar novos meios de comunicação social que apreciam as condições e as aspirações da maioria; quando mudamos a estrutura da propriedade da riqueza; quando construímos um novo ethos para os nossos ideais e, ao mesmo tempo, a especificidade das nossas condições concretas.

Apesar de Steve Biko ter desposado, inspirado e promovido o orgulho negro, ele nunca fez da negritude um fetiche. No fim do dia, como ele mesmo dizia, aceitar a própria negritude é um importante ponto de partida: um alicerce importante para se entregar à luta. Hoje, tem de ser um alicerce para a reconstrução e o desenvolvimento, para um esforço humano comum para pôr fim à guerra, à pobreza, à ignorância e à doença.

Um dos grandes legados da luta que Biko travou - e pela qual morreu - foi a explosão do orgulho entre as vítimas do apartheid. O valor que a consciência negra pôs na cultura repercutiu através da nossa terra; nas nossas prisões; e entre as comunidades no exílio. O nosso povo, que antes era forçado a olhar para a Europa e para a América para alimentar a sua criatividade, virou os olhos para a África.

Falo de cultura e criatividade porque, como a verdade, elas estão a resistir. Trata-se assim de uma feliz coincidência da História que Steve Biko seja homenageado por uma estátua, esculpida em bronze por Naomi Jacobson, que podemos dizer que é a sua distante conterrânea. Também dá alegria saber que o custo financeiro da criação da estátua tenha sido assumido por pessoas do ramo criativo, incluindo Denzel Washington, Kevin Kline e Richard Attenborough, que serão lembrados pelo filme sobre Biko, "O Grito da Liberdade". Outro contribuinte é Peter Gabriel, cuja música "Biko" ajudou a manter viva a chama da solidariedade anti-apartheid. Esta colaboração de artistas britânicos e americanos dá um testemunho eloquente do internacionalismo de Steve Biko.

Ao falar de "uma face mais humana", Steve Biko estava a rejeitar a brutalidade de homens que se comportavam como possessos, na sua defesa da injustiça. Foram estes brutos que ele enfrentou sem titubear; e a história verdadeira dos seus últimos momentos que só agora começamos a investigar.

Num momento em que a Comissão pela Verdade e Reconciliação abre o caminho em direcção à verdade, todos somos forçados a sofrer com o preço em termos de justiça que as vítimas têm de pagar. Mas todos podemos retirar consolo da convicção de que as meias-verdades de um baixo inquiridor não podem nem devem esconder a culpabilidade dos comandantes e dos líderes políticos que deram as ordens. Porque sabemos que o que eles desesperadamente procuravam retirar-lhe era o seu contacto com a liderança do movimento de libertação. Com o tempo, a verdade virá ao de cima!

Naquelas horas difíceis, vinte anos atrás, o infortúnio roubou à nação um dos seus jovens mais dotados, cuja contribuição à nossa causa teria sido ainda mais imensa. Mas o nosso compromisso à unidade pela qual Steve Biko lutou continua a guiar-nos no momento em que nos damos as mãos em acções práticas para alterarmos o legado da opressão.

Significa trabalhar juntos, governo em cada esfera e todos os sectores da sociedade, para trazer prosperidade à província, ao país e ao continente que o abriga.

Significa que todos nós ajudemos a levar a África do Sul para além do limiar da grandeza à qual aspira. Que isso será conseguido por cada um de nós, respeitando-nos a nós próprios em primeiro lugar, e, em contrapartida, respeitando a humanidade em cada um de nós. Significa uma atitude e um modo de vida que aprecia a alegria no trabalho honesto de criar uma nova sociedade. Com tempo, precisamos conceder à África do Sul o maior presente - uma sociedade mais humana.

Estamos confiantes de que ao forjar uma nova e próspera nação estamos a continuar a luta pela qual Steve Biko pagou o sacrifício supremo.

Esperamos que ao desvelar esta estátua, renomear a ponte e declarar a sua casa de Gisnsberg um monumento nacional, estejamos a dar a nossa humilde contribuição para imortalizar a sua vida.

Muito obrigado!

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Debate de costas para o país

A Esquerda portuguesa tem amanhã um dos mais animados e profundos debates políticos dos últimos tempos. É pena que o país não vá dar conta disso.

O maior embuste de sempre

A confirmar-se o sentido para que aponta a agora dita nova "linha" de investigação da PJ, em relação ao caso Maddie, o Mundo inteiro viveu apaixonado, nos últimos quatro meses, o maior embuste de sempre. E a desilusão, a confirmar-se, terá consequências inimagináveis, sem paralelo,

Mais do que um eventual crime (homicídio, voluntário ou involuntário, ocultação de cadáver, etc.) de que o casal McCann possa vir a ser acusado, ficará no íntimo de todos e de cada um o modo sinistro como a farsa, afinal, pode ter sido montada. Sem dó nem piedade.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

:-)

De regressso ao batente...