sexta-feira, 19 de junho de 2009

sexta-feira, 29 de maio de 2009

João Piedade (19??-2009)

Foi ontem à terra um pedaço de mim, um homem que me viu nascer e crescer até à adolescência em paz, conforto e muito afecto. Em 30 anos continuei a crescer e a voar longe, e fui sabendo do declínio e das maleitas próprias da idade e da maldade sem fim que João Piedade não merecia. Morreu num hospital de Lisboa de uma daquelas infecções colaterais que não perdoam. Mas a doença não o venceu! Morreu sem fama, longe da glória, injustamente atirado para um canto sem sombra da história de Angola.

Foi ontem à terra um pedaço de mim.

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Por uma vez na vida, sejam homenzinhos


Oliveira Costa deixou, na Comissão de Inquérito da Assembleia da República, matéria suficiente para que Dias Loureiro e Vítor Constâncio sejam, por uma vez na vida, homenzinhos, i.e., se demitam!

Em oito longuíssimas horas, o ex-presidente do Banco Português de Negócios expôs um vasto leque de acusações que merecem da Democracia a mais rigorosa das atenções. Além de todos os "não comento" que ficaram no ar - o que só reforça que o homem só falou do que quis e como quis, independentemente do quando quis que todos já sabíamos -, Oliveira Costa desmentiu claramente Dias Loureiro ("Quando Dias Loureiro regressou da conversa com o Banco de Portugal, transmitiu-me que acabara de falar com António Marta e que em síntese tinha lhe feito sentir que a supervisão estava constantemente em cima do BPN"), tentou salvar o Banco de Portugal de responsabilidades ("Se apreciarmos o que se passa lá fora, temos que concluir que algo falhou"), alargou acusações ("Paradoxalmente foi um grupo de 10 accionistas e particularmente 4, que conscientemente manipularam os factos e impediram a venda do grupo a estrangeiros"), sabia a quem erguia o dedo ("Em 30 de Agosto, que é o meu dia de anos, um grupo de accionistas criou uma armadilha. Depois contrataram um especialista que em vez de mostrar o risco, retirou a espoleta e transformou a armadilha em kamikaze" e, ainda, deixou matéria para o Ministério Público apreciar ("A minha assinatura é muito falsificada, é fácil de imitar, vou mandar já averiguar se é o caso", sobre a venda da Biometrics por um dólar), etc., etc., etc..

Foram oito longuíssimas horas de uma história que está longe do epílogo. Até lá, Dias Loureiro, conselheiro de Estado, e Vítor Constâncio, um dos governadores de bancos centrais mais bem pagos do Mundo, não têm grandes alternativas. Ainda assim e se não souberem ser homenzinhos, que Cavaco Silva e José Sócrates assumam a única possibilidade política que lhes resta: abrirem em par as portas da saída.

terça-feira, 26 de maio de 2009

FANTASBLOCO - Interrogatório a um precário

Filme para um tempo de Antena do Bloco de Esquerda das Europeias 2009, integrado na série Fantasbloco.
Com António Capelo António Simão António Castelo Pedro Carraca Sérgio Grilo Realização: Manuel Pureza Montagem: João Salaviza Fotografia: Vasco Viana Direcção de Arte: Nadia Henriques Figurinos e Assistência de Decoração: Maria Ribeiro Maquilhagem: Rita Álvares Pereira Assistência de Imagem: Inês Pestana Som: Carlos Conceição Produção: Bruno Cabral.

terça-feira, 12 de maio de 2009

domingo, 10 de maio de 2009

Histórias do "ranger" Froufe Andrade


"Não sabes como vais morrer" é o título de um novo título da autoria de Jaime Froufe Andrade, incluído na Colecção Memória Perecível, editado pela Associação de Jornalistas e Homens de Letras do Porto.

Trata-se de um conjunto de oito histórias da guerra colonial que o autor viveu em primeira pessoa durante a sua comissão de serviço em Moçambique, como alferes miliciano de Operações Especiais ("rangers"), entre 1968 e 1970.

São outros tantos retratos da vida que centenas de milhar de jovens portugueses viveram, nos anos da guerra colonial, no meio do "mato", em Moçambique, Angola ou na Guiné-Bissau.

As histórias são escritas com dramatismo, em que cabem momentos de humor, perplexidade, angústia e ansiedade, mas também a profundidade psicológica, que faltam a muitos relatos de guerra.

As pelo menos duas gerações de portugueses que viveram a guerra em África reconhecer-se-ão facilmente nestas linhas escritas por Froufe Andrade.

Noutro capítulo, o autor narra o regresso atribulado de Moçambique a Portugal, a bordo do navio Vera Cruz, sobrelotado com três mil militares.

Quando navegava perto do Cabo da Boa Esperança (o mítico Cabo das Tormentas de Camões), na África do Sul, o enorme navio foi atingido, na sequência do efeito conjunto de duas ondas sísmicas e de uma tempestade, por gigantescas vagas, sofrendo graves avarias e tendo estado a ponto de soçobrar.

As circunstâncias desta viagem são narradas em primeira pessoa por Froufe Andrade e ainda por um conjunto de 12 depoimentos por ele próprio recolhidos junto de outros militares, oficiais, sargentos e praças, que consigo viajaram.

O autor entrevistou ainda o oficial-piloto que estava de turno na ponte de comando do navio e pesquisou ainda o diário de bordo do navio, no Arquivo Central da Marinha, onde recolheu elementos dos dois comandantes que seguiam a bordo, o comandante do navio e o comandante dos militares a bordo.

Jaime Froufe Andrade, nasceu em 1945, no Porto. É jornalista profissional, trabalhou durante muitos anos do Jornal de Notícias e integra actualmente os quadros da revista Notícias Magazine, distribuída semanalmente com o aquele jornal portuense e com o lisboeta Diário de Notícias.

Demasiado azul

Tudo indica que esta noite vai ser demasiado azul para o meu gosto...
Bah!

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Leitura de fim de tarde

Confesso que não fiquei nada esclarecido. Vou esperar pelas imagens dos telejornais e, até lá, gargalhar com duas coisas: a baboquice parola da revisitação da Marinha Grande e a insustentável ditadura das agências de informação. Ou será que deverei, apenas, chorar a incapacidade/incompetência crítica instalada?

Nota: os negritos são da minha autoria...

Diário Digital: “Vital Moreira agredido por manifestantes da CGTP”.
Portugal Diário: “Vital Moreira agredido na manif da CGTP”.

JN: “Vital Moreira insultado e agredido na manifestação do 1º de Maio”.
DN: “Vital Moreira insultado e agredido em Lisboa”.
Correio da Manhã: “Vital Moreira agredido por manifestantes da CGTP”.
Público: “Ofensas pessoais e água atingiram delegação socialista no desfile do 1º de Maio”.

Expresso: “Vital Moreira agredido e insultado na manifestação da CGTP”.
Sol: “Vital Moreira agredido e insultado na manifestação da CGTP”.
Visão: “Vital Moreira agredido e insultado na manifestação”.

E tu? Também foste?

Colina de Cristal propriedade privada

A partir de hoje, e enquanto tiver lucidez suficiente para saber que a luta de classes se mantém tal e qual Karl Marx foi capaz de a descrever há um século, neste blogue não há comentários, moderados ou não. Afinal, a Colina de Cristal é propriedade privada!

Slow Knowing Smile

sábado, 4 de abril de 2009

Vou andar por aí

Depois da data que viverá na infâmia, a Colina não foi vencida. Sofreu danos sérios, ficou abalada, mas não foi vencida, nem nunca se rendirá.

À ameaça, à traição e ao perigo sujeitos sem qualquer despudor responderei com a confiança inabalável no triunfo. Noutro tempo, mais apropriado.

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Ora aqui está um porco a andar de bicicleta...


... só para quem ainda não tenha visto nenhum!

Mensagem URGENTE

Desde o ínicio deste ano, a crise conta-se da seguinte forma quanto às suas consequências sociais:

* Faianças Bordalo Pinheiro: 150 trabalhadores
* Toyota Caetano Portugal: 360 trabalhadores
* Tyco Eletronics Portugal: 1600 trabalhadores
* PSA Peugeot-Citroen: 1400 trabalhadores
* AutoEuropa: 250 trabalhadores
* Impala: 500 trablhadores
* Mitsubishi: 350 trabalhadores
* Controlinveste: 122 trabalhadores
* Aerosoles: 1360 trabalhadores
* Marcopolo: 220 trabalhadores
* Jornal da Madeira: 20 trabalhadores
* Borgstena: 112 trablhadores
* Philips: 70 trabalhadores
* Faurecia: 250 trabalhadores
* Sonae Indústria: 42 trabalhadores
* Delphi: 585 trabalhadores
* Suberus: 300 trabalhadores
* Ecco: 177 trabalhadores
* Intipor: 140 trabalhadores
* Santogal: 1400 trabalhadores
* Euronadel: 182 trabalhadores
* Frutinatura: 30 trabalhadores
* Corticeira Amorim: 118 trabalhadores
* Edscha: 180 trabalhadores
* Tsuzuki: 100 trabalhadores
* CPM: 60 trabalhadores
* Fehst: 170 trabalhadores
* Carfer: não divulgado o número de trabalhadores
* Dinkin: 115 trabalhadores
* AP- Amoníaco: 152 trabalhadores
* Leoni: 700 trabalhadores
* Coindu: 200 trabalhadores
* Fleximpor: 73 trabalhadores
* Toyota Salvador Caetano: 350 trabalhadores
* Renault Cacia: 1100 trabalhadores
* Sodecia: 104 trabalhadores

Entretanto o Instituto do Emprego e Formação Profissional divulgou que, só em Janeiro deste ano, inscreveram-se nos centros de emprego 70.334 trabalhadores desempregados, o que represeenta um aumento de 27,3% em relação a igual mês de 2008 e um aumento de 44,7% relativamente a Dezembro!

Alguém faça, por favor, chegar estes números a quem de direito, a quem pode fazer alguma coisa de concreto.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

Depois não digas que não avisei

Já está, encontrei-o!
Desculpem qualquer coisinha, mas vou ter muito que fazer neste fim-de-semana alargado.

Vudu

Está complicado, por aqui, regressar à normalidade. Ao fim da tarde de ontem, enquanto engolia uma cigarro à velocidade da luz, após três horas de traça, passou-me pela cabeça, sem que ainda agora perceba porquê, vasculhar a tralha caseira até encontrar um bonequinho ridículo deitado numa caixinha de madeira no qual, supostamente, poderei praticar… vudu! Não sou nada atreito a essas coisas, mas, no momento em que repego no assunto, a ideia agrada-me. Se não o encontrar num caixote qualquer, vou à FNAC buscar um.

sábado, 31 de janeiro de 2009

Cocaine

Arthur



Há 30 anos que nada sei de Rick, the magician, mas neste entretanto em que a História tanto avançou nada por aqui mudou. Ou será este registo apenas e só saudade de um tempo que passou e não torna?

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Presidente Obama


Nunca, diz a História, foi tão elevada e global a expectativa a propósito da eleição e, agora, da posse de um presidente dos EUA. A esperança em dias melhores atingiu níveis inéditos. Será ele capaz?

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Vampiros



No céu cinzento
Sob o astro mudo
Batendo as asas
Pela noite calada
Vem em bandos
Com pés veludo
Chupar o sangue
Fresco da manada
Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada

A toda a parte
Chegam os vampiros
Poisam nos prédios
Poisam nas calçadas
Trazem no ventre
Despojos antigos
Mas nada os prende
Às vidas acabadas
Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada

No chão do medo
Tombam os vencidos
Ouvem-se os gritos
Na noite abafada
Jazem nos fossos
Vítimas dum credo
E não se esgota
O sangue da manada
Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada

São os mordomos
Do universo todo
Senhores à força
Mandadores sem lei
Enchem as tulhas
Bebem vinho novo
Dançam a ronda
No pinhal do rei
Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada

Se alguém se engana
Com seu ar sisudo
E lhes franqueia
As portas à chegada
Eles comem tudo
Eles comem tudo
Eles comem tudo
E não deixam nada

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Pigs



Não confundir, por favor, com leitões... in the space! :-)

Yes, we can.

As imagens e o vómito



Esta breve selecção de imagens que recolhi em Gaza têm, infelizmente, o dom da profecia. Ouvir John Ging, o director da UNRWA, explicar porque teve que suspender a ajuda humanitária na semana passada e saber que Israel voltou a atacar violentamente as instalações da ONU, dá vómitos, quando se sabe que são a única organização a que podem recorrer os que perderam as suas casas.

O vídeo mostra ainda a explosão de uma bomba a cerca de 1 quilómetro do lugar onde nos encontrávamos - um centro de distribuição de alimentos. O som praticamente não se ouve, porque a Handycamera que usei, para proteger a captação de proximidade, filtra o som exterior quando este é muito forte. John Ging prestava o seu depoimento à porta do centro de distribuição de alimentos. Do outro lado da rua, estava um bairro, inteiramente arrasado na primeira noite de bombardeamentos.

As imagens seguintes foram recolhidas no centro de refugiados de Arafat. O ataque de hoje atingiu precisamente um lugar como o que visitei e que dava guarida a 1600 palestinianos. Outro vómito.

Israel prepara-se agora para continuar a guerra por detrás de uma trégua unilateral que mantém o exército no território. Não têm perdão e é bom que o mundo aprenda depressa. O Estado de Israel chegou ao ponto em que tem de ser salvo de si próprio e dos criminosos que o dirigem.


Devidamente copiado daqui.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Uma data que viverá na infâmia

Franklin Roosevelt recebeu as notícias sobre o ataque à base militar norte-americana em Pearl Harbor, reuniu com os seus assessores e, depois, escreveu o texto do pedido de declaração de guerra ao Japão que haveria de propor ao Congresso.

No dia seguinte, 8 de Dezembro de 1941, o presidente dos EUA dirigiu-se ao Congresso com um dos seus discursos mais famosos:

“Sr. vice-presidente, e sr. presidente, e membros do Senado, da Câmara dos Representantes:
Ontem, 7 de Dezembro de 1941, uma data que viverá na infâmia, os Estados Unidos da América foram surpreendidos e deliberadamente atacados pelas forças navais e aéreas do Império do Japão.
Os Estados Unidos estavam em paz com essa nação e, a pedido do Japão, estava-se ainda em conversações com o seu Governo e o seu imperador, procurando manter a paz no Pacífico. Efectivamente, uma hora depois dos esquadrões aéreos japoneses começarem a bombardear Oahu, o embaixador japonês nos Estados Unidos e o seu colega entregaram ao secretário de Estado uma resposta formal à recente mensagem norte-americana. Esta resposta referia que parecia inútil continuar com as negociações diplomáticas existentes, mas não continha a possibilidade de um golpe de guerra ou de um ataque armado.
É de registar que, dada a distância do Havai ao Japão, parece óbvio o ataque ter sido deliberadamente planeado desde há muitos dias ou mesmo semanas atrás. Durante o ataque, o governo japonês procurou deliberadamente enganar os Estados Unidos com afirmações falsas e expressões de esperança na continuação da paz.
O ataque de ontem às ilhas do Havai causou sérios danos às forças navais e militares norte-americanas. Perderam-se muitas vidas norte-americanas. Adicionalmente, foi relatado que alguns navios norte-americanos foram torpedeados em alto-mar, entre São Francisco e Honolulu.
Ontem o governo japonês também lançou um ataque contra a Malásia. Esta noite, forças japonesas atacaram Hong Kong. Esta noite, forças japonesas atacaram Guam. Esta noite, forças japonesas atacaram as ilhas das Filipinas. Esta noite, forças japonesas atacaram a ilha de Midway.
Portanto, o Japão iniciou uma ofensiva surpresa estendendo-se a toda a área do Pacífico. Os factos de ontem falam por si. O povo dos Estados Unidos já formaram as suas opiniões e compreendem bem as implicações para a própria vida e segurança da nação.
Como comandante-em-chefe do Exército e Marinha, ordenei que sejam tomadas todas as medidas para a nossa defesa. Iremos sempre recordar o carácter do ataque perpetrado contra nós. Não importa o quanto irá demorar para superar esta invasão premeditada, o povo norte-americano no seu justo poder vencerá até à vitória absoluta.
Acredito que interpreto a vontade do Congresso e do povo, quando asseguro que não só nos iremos defender até ao impossível mas iremos assegurar que esta forma de traição nunca mais nos volte a ameaçar. As hostilidades existem. Não existem dúvidas no facto do nosso povo, o nosso território, e os nossos interesses estarem em grande perigo.
Com confiança nas nossas forças armadas – com a grande determinação do nosso povo – nós iremos alcançar o triunfo inevitável – por isso, Deus ajuda-nos.
Peço ao Congresso para declarar, devido ao não provocado ataque cobarde do Japão no domingo 7 de Dezembro, que existe um estado de guerra entre os Estados Unidos e o império do Japão”.

A declaração foi aprovada, praticamente por unanimidade, no Senado e na Câmara dos Representantes, e três dias depois, os aliados do Japão, Alemanha e Itália, declaram guerra aos Estados Unidos da América.

Do resto da História sabemos nós.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

"Acabem com eles"

O Prémio Nobel da Paz Shimon Peres tira a máscara.

"Eles", os do Hamas e os palestinianos, são todos "terroristas", por isso só há uma solução: "acabem com eles". E o "povo normal" que, diz ele, os israelitas querem ser, parece ser um desejo apenas ajustável ao "povo eleito".

O genocídio está em curso, ironicamente em nome da Paz e com o apoio tácito da comunidade internacional. Não aprendemos nada com os "guetos" nazis. Nem sequer os judeus.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

All that jazz

Uma emoção e um ritmo com 30 anos, tão distante e tão próximos. Um dos meus melhores dez filmes de sempre.

Conversa de elefantes...

Gustavo, já sei que não vais ter memória de elefante, e esquece lá o careca baixista, curte o resto...

Better than this?! I can't believe you!!! Just only, the A...

:-)

domingo, 4 de janeiro de 2009

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Helen Suzman (1917-2008)

Foi ao longo de 36 anos a mais célebre activista anti-apartheid branca, quando eram raros os brancos que criticavam o regime segregacionista da África do Sul. Nesse período, Helen Suzman foi também durante 13 anos, a única deputada na Assembleia a condenar abertamente o apartheid – como deputada do Partido Unido, mais tarde no Partido Progressista.

Menina estás à janela



Menina estás à janela
Com o teu cabelo à lua
Não me vou daqui embora
Sem levar uma prenda tua.

Sem levar uma prenda tua
Sem levar uma prenda dela
Com o teu cabelo à lua
Menina estás à janela.


Os olhos requerem olhos
E os corações, corações
E os meus requerem os teus
Em todas as ocasiões.

Menina estás à janela
Com o teu cabelo à lua
Não me vou daqui embora
Sem levar uma prenda tua.

Sem levar uma prenda tua
Sem levar uma prenda dela
Com o teu cabelo à lua
Menina estás à janela.


Menina estás à janela
Com o teu cabelo à lua
Não me vou daqui embora
Sem levar uma prenda tua.

Sem levar uma prenda tua
Sem levar uma prenda dela
Com o teu cabelo à lua
Menina estás à janela.


Menina estás à janela
Com o teu cabelo à lua
Não me vou daqui embora
Sem levar uma prenda tua.

Sem levar uma prenda tua
Sem levar uma prenda dela...

sábado, 27 de dezembro de 2008

À margem dos agendas de todos os jornais & C.ª


Inevitavelmente, passará ao lado de todas as sínteses do ano. Por isso aqui fica um apelo à memória.
A 13 de Fevereiro de 2008, a Austrália pediu formalmente desculpa às Gerações Roubadas. Os mais interessados pelo tema poderão encontrar uma pequeníssima âncora aqui ou aqui. Phillip Noyce retratou o drama em formato cinematográfico seis anos antes, mas muitíssimo poucos deram conta.
A anotação, de respeito, pelo povo espoliado e pelo realizador, aqui fica.

FMI





Cachucho não é coisa que me traga a mim
Mais novidade do que lagostim
Nariz que reconhece o cheiro do pilim
Distingue bem o mortimor do meirim
A produtividade, ora aí está, quer dizer
Há tanto nesta terra que ainda está por fazer
Entrar por aí a dentro, analisar, e então
Do meu 'attachi-case' sai a solução!

FMI Não há graça que não faça o FMI
FMI O bombástico de plástico para si
FMI Não há força que retorça o FMI

Discreto e ordenado mas nem por isso fraco
Eis a imagem 'on the rocks' do cancro do tabaco
Enfio uma gravata em cada fato-macaco
E meto o pessoal todo no mesmo saco
A produtividade, ora aí está, quer dizer
Não ando aqui a brincar, não há tempo a perder
Batendo o pé na casa, espanador na mão
É só desinfectar em superprodução!

FMI Não há truque que não lucre ao FMI
FMI O heróico paranóico 'hara-quiri'
FMI Panegírico, pro-lírico daqui

Palavras, palavras, palavras e não só
Palavras para si e palavras para dó
A contas com o nada que swingar o sol-e-dó
Depois a criadagem lava o pé e limpa o pó
A produtividade, ora nem mais, célulazinhas cinzentas
Sempre atentas
E levas pela tromba se não te pões a pau
Num encontrão imediato do 3º grau!

FMI Não há lenha que detenha o FMI
FMI Não há ronha que envergonhe o FMI
FMI ...

Entretém-te filho, entretém-te, não desfolhes em vão este malmequer que bem-te-quer, mal-te-quer, vem-te-quer, ovomalt'e-quer, messe gigantesca, vem-te vindo, vi-me na cozinha, vi-me na casa-de-banho, vi-me no Politeama, vi-me no Águia D'ouro, vi-me em toda a parte, vem-te filho, vem-te comer ao olho, vem-te comer à mão, olha os pombinhos pneumáticos que te orgulham por esses cartazes fora, olha a Música no Coração da Indira Gandi, olha o Muchê Dyane que te traz debaixo d'olho, o respeitinho é muito lindo e nós somos um povo de respeito, né filho? Nós somos um povo de respeitinho muito lindo, saímos à rua de cravo na mão sem dar conta de que saímos à rua de cravo na mão a horas certas, né filho? Consolida filho, consolida, enfia-te a horas certas no casarão da Gabriela que o malmequer vai-te tratando do serviço nacional de saúde. Consolida filho, consolida, que o trabalhinho é muito lindo, o teu trabalhinho é muito lindo, é o mais lindo de todos, como o astro, não é filho? O cabrão do astro entra-te pela porta das traseiras, tu tens um gozo do caraças, vais dormir entretido, não é? Pois claro, ganhar forças, ganhar forças para consolidar, para ver se a gente consegue num grande esforço nacional estabilizar esta destabilização filha-da-puta, não é filho? Pois claro! Estás aí a olhar para mim, estás a ver-me dar 33 voltinhas por minuto, pagaste o teu bilhete, pagaste o teu imposto de transação e estás a pensar lá com os teus botões: Este tipo está-me a gozar, este gajo quem é que julga que é? Né filho? Pois não é verdade que tu és um herói desde de nascente? A ti não é qualquer totobola que te enfia o barrete, meu grande safadote! Meu Fernão Mendes Pinto de merda, né filho? Onde está o teu Extremo Oriente, filho? Ah-ni-qui-bé-bé, ah-ni-qui-bó-bó, tu és 'Sepuldra' tu és Adamastor, pois claro, tu sozinho consegues enrabar as Nações Unidas com passaporte de coelho, não é filho? Mal eles sabem, pois é, tu sabes o que é gozar a vida! Entretém-te filho, entretém-te! Deixa-te de políticas que a tua política é o trabalho, trabalhinho, porreirinho da Silva, e salve-se quem puder que a vida é curta e os santos não ajudam quem anda para aqui a encher pneus com este paleio de Sanzala e ritmo de pop-xula, não é filho?
A one, a two, a one two three

FMI dida didadi dadi dadi da didi
FMI ...

Come on you son of a bitch! Come on baby a ver se me comes! Come on Luís Vaz, 'amanda'-lhe com o José Cacila que os senhores já vão ver o que é meterem-se com uma nação de poetas! E zás, enfio-te o Manuel Alegre no Mário Soares, zás, enfio-te o Ary dos Santos no Álvaro de Cunhal, zás, enfio-te o Zé Fanha no Acácio Barreiros, zás, enfio-te a Natalia Correia no Sá Carneiro, zás, enfio-te o Pedro Homem de Melo no Parque Mayer e acabamos todos numa sardinhada ao integralismo Lusitano, a estender o braço, meio 'Roulant' preto, meio Steve McQueen, ok boss, tudo ok, estamos numa porreira meu, um tripe fenomenal, proibido voltar atrás, viva a liberdade, né filho? Pois, o irreversível, pois claro, o irreversívelzinho, pluralismo a dar com um pau, nada será como dantes, agora todos se chateiam de outra maneira, né filho? Ora que porra, deixa lá correr uma fila ao menos, malta pá, é assim mesmo, cada um a curtir a sua, podia ser tão porreiro, não é? Preocupações, crises políticas pá? A culpa é dos partidos pá! Esta merda dos partidos é que divide a malta pá, pois pá, é só paleio pá, o pessoal na quer é trabalhar pá! Razão tem o Jaime Neves pá! (Olha deixaste cair as chaves do carro!) Pois pá! (Que é essa orelha de preto que tens no porta-chaves?) É pá, deixa-te disso, não destabilizes pá! Eh, faz favor, mais uma bica e um pastel de nata. Uma porra pá, um autentico desastre o 25 de Abril, esta confusão pá, a malta estava sossegadinha, a bica a 15 tostões, a gasosa a sete e coroa... Tá bem, essa merda da pide pá, Tarrafais e o carágo, mas no fim de contas quem é que não colaborava, ah? Quantos bufos é que não havia nesta merda deste país, ah? Quem é que não se calava, quem é que arriscava coiro e cabelo, assim mesmo, o que se chama arriscar, ah? Meia dúzia de líricos, pá, meia dúzia de líricos que acabavam todos a fugir para o estrangeiro, pá, isto é tudo a mesma carneirada! Oh sr. guarda venha cá, á, venha ver o que isto é, é, o barulho que vai aqui, i, o neto a bater na avó, ó, deu-lhe um pontapé no cu, né filho? Tu vais conversando, conversando, que ao menos agora pode-se falar, ou já não se pode? Ou já começaste a fazer a tua revisãozinha constitucional tamanho familiar, ah? Estás desiludido com as promessas de Abril, né? As conquistas de Abril! Eram só paleio a partir do momento que tas começaram a tirar e tu ficaste quietinho, né filho? E tu fizeste como o avestruz, enfiaste a cabeça na areia, não é nada comigo, não é nada comigo, né? E os da frente que se lixem... E é por isso que a tua solução é não ver, é não ouvir, é não querer ver, é não querer entender nada, precisas de paz de consciência, não andas aqui a brincar, né filho? Precisas de ter razão, precisas de atirar as culpas para cima de alguém e atiras as culpas para os da frente, para os do 25 de Abril, para os do 28 de Setembro, para os do 11 de Março, para os do 25 de Novembro, para os do... que dia é hoje, ah?

FMI Dida didadi dadi dadi da didi
FMI ...

Não há português nenhum que não se sinta culpado de qualquer coisa, não é filho? Todos temos culpas no cartório, foi isso que te ensinaram, não é verdade? Esta merda não anda porque a malta, pá, a malta não quer que esta merda ande, tenho dito. A culpa é de todos, a culpa não é de ninguém, não é isto verdade? Quer isto dizer, há culpa de todos em geral e não há culpa de ninguém em particular! Somos todos muita bons no fundo, né? Somos todos uma nação de pecadores e de vendidos, né? Somos todos, ou anti-comunistas ou anti-faxistas, estas coisas até já nem querem dizer nada, ismos para aqui, ismos para acolá, as palavras é só bolinhas de sabão, parole parole parole e o Zé é que se lixa, cá o pintas azeite mexilhão, eu quero lá saber deste paleio vou mas é ao futebol, pronto, viva o Porto, viva o Benfica, Lourosa, Lourosa, Marraças, Marraças, fora o arbitro, gatuno, bora tudo p'ro caralho, razão tinha o Tonico de Bastos para se entreter, né filho? Entretém-te filho, com as tuas viúvas e as tuas órfãs que o teu delegado sindical vai tratando da saúde aos administradores, entretém-te, que o ministro do trabalho trata da saúde aos delegados sindicais, entretém-te filho, que a oposição parlamentar trata da saúde ao ministro do trabalho, entretém-te, que o Eanes trata da saúde à oposição parlamentar, entretém-te, que o FMI trata da saúde ao Eanes, entretém-te filho e vai para a cama descansado que há milhares de gajos inteligentes a pensar em tudo neste mesmo instante, enquanto tu adormeces a não pensar em nada, milhares e milhares de tipos inteligentes e poderosos com computadores, redes de policia secreta, telefones, carros de assalto, exércitos inteiros, congressos universitários, eu sei lá! Podes estar descansado que o Teng Hsiao-Ping está a tratar de ti com o Jimmy Carter, o Brezhnev está a tratar de ti com o João Paulo II, tudo corre bem, a ver quem se vai abotoar com os 25 tostões de riqueza que tu vais produzir amanhã nas tuas oito horas. A ver quem vai ser capaz de convencer de que a culpa é tua e só tua se o teu salário perde valor todos os dias, ou de te convencer de que a culpa é só tua se o teu poder de compra é como o rio de S. Pedro de Moel que se some nas areias em plena praia, ali a 10 metros do mar em maré cheia e nunca consegue desaguar de maneira que se possa dizer: porra, finalmente o rio desaguou! Hão te convencer de que a culpa é tua e tu sem culpa nenhuma, tens tu a ver, tens tu a ver com isso, não é filho? Cada um que se vá safando como puder, é mesmo assim, não é? Tu fazes como os outros, fazes o que tens a fazer, votas à esquerda moderada nas sindicais, votas no centro moderado nas deputais, e votas na direita moderada nas presidenciais! Que mais querem eles, que lhe ofereças a Europa no natal?! Era o que faltava! É assim mesmo, julgam que te levam de mercedes, ora toma, para safado, safado e meio, né filho? Nem para a frente nem para trás e eles que tratem do resto, os gatunos, que são pagos para isso, né? Claro! Que se lixem as alternativas, para trabalho já me chega. Entretém-te meu anjinho, entretém-te, que eles são inteligentes, eles ajudam, eles emprestam, eles decidem por ti, decidem tudo por ti, se hás-de construir barcos para a Polónia ou cabeças de alfinete para a Suécia, se hás-de plantar tomate para o Canada ou eucaliptos para o Japão, descansa que eles tratam disso, se hás-de comer bacalhau só nos anos bissextos ou hás-de beber vinho sintético de Alguidares-de-Baixo! Descansa, não penses em mais nada, que até neste país de pelintras se acho normal haver mãos desempregadas e se acha inevitável haver terras por cultivar! Descontrai baby, come on descontrai, arrefinfa-lhe o Bruce Lee, arrefinfa-lhe a macrobiótica, o biorritmo, o euroscópio, dois ou três ofeneologistas, um gigante da ilha de Páscoa e uma 'Graciv Morn' (??) de vez em quando para dar as boas festas às criancinhas! Piramiza filho, piramiza, antes que os chatos fujam todos para o Egipto, que assim é que tu te fazes um homenzinho e até já pagas multa se não fores ao recenseamento. Pois pá, isto é um país de analfabetos, pá! Dá-lhe no Travolta, dá-lhe no disco-sound, dá-lhe no pop-xula, pop-xula pop-xula, iehh iehh, J. Pimenta forever! Quanto menos souberes a quantas andas melhor para ti, não te chega para o bife? Antes no talho do que na farmácia; não te chega para a farmácia? Antes na farmácia do que no tribunal; não te chega para o tribunal? Antes a multa do que a morte; não te chega para o cangalheiro? Antes para a cova do que para não sei quem que há-de vir, cabrões de vindouros, ah? Sempre a merda do futuro, a merda do futuro, e eu ah? Que é que eu ando aqui a fazer? Digam lá, e eu? José Mário Branco, 37 anos, isto é que é uma porra, anda aqui um gajo cheio de boas intenções, a pregar aos peixinhos, a arriscar o pêlo, e depois? É só porrada e mal viver é? O menino é mal criado, o menino é 'pequeno burguês', o menino pertence a uma classe sem futuro histórico... Eu sou parvo ou quê? Quero ser feliz porra, quero ser feliz agora, que se foda o futuro, que se foda o progresso, mais vale só do que mal acompanhado, vá mandem-me lavar as mãos antes de ir para a mesa, filhos da puta de progressistas do caralho da revolução que vos foda a todos! Deixem-me em paz porra, deixem-me em paz e sossego, não me emprenhem mais pelos ouvidos caralho, não há paciência, não há paciência, deixem-me em paz caralho, saiam daqui, deixem-me sozinho, só um minuto, vão vender jornais e governos e greves e sindicatos e policias e generais para o raio que vos parta! Deixem-me sozinho, filhos da puta, deixem só um bocadinho, deixem-me só para sempre, tratem da vossa vida que eu trato da minha, pronto, já chega, sossego porra, silêncio porra, deixem-me só, deixem-me só, deixem-me só, deixem-me morrer descansado. Eu quero lá saber do Artur Agostinho e do Humberto Delgado, eu quero lá saber do Benfica e do bispo do Porto, eu quero se lixe o 13 de Maio e o 5 de Outubro e o Melo Antunes e a rainha de Inglaterra e o Santiago Carrilho e a Vera Lagoa, deixem-me só porra, rua, larguem-me, zórpila o fígado, arreda, 'terneio' Satanás, filhos da puta. Eu quero morrer sozinho ouviram? Eu quero morrer, eu quero que se foda o FMI, eu quero lá saber do FMI, eu quero que o FMI se foda, eu quero lá saber que o FMI me foda a mim, eu vou mas é votar no Pinheiro de Azevedo se eu tornar a ir para o hospital, pronto, bardamerda o FMI, o FMI é só um pretexto vosso seus cabrões, o FMI não existe, o FMI nunca aterrou na Portela coisa nenhuma, o FMI é uma finta vossa para virem para aqui com esse paleio, rua, desandem daqui para fora, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, a culpa é vossa, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe, oh mãe...

Mãe, eu quero ficar sozinho... Mãe, não quero pensar mais... Mãe, eu quero morrer mãe.
Eu quero desnascer, ir-me embora, sem ter que me ir embora. Mãe, por favor, tudo menos a casa em vez de mim, outro maldito que não sou senão este tempo que decorre entre fugir de me encontrar e de me encontrar fugindo, de quê mãe? Diz, são coisas que se me perguntem? Não pode haver razão para tanto sofrimento. E se inventássemos o mar de volta, e se inventássemos partir, para regressar. Partir e aí nessa viajem ressuscitar da morte às arrecuas que me deste. Partida para ganhar, partida de acordar, abrir os olhos, numa ânsia colectiva de tudo fecundar, terra, mar, mãe... Lembrar como o mar nos ensinava a sonhar alto, lembrar nota a nota o canto das sereias, lembrar o depois do adeus, e o frágil e ingénuo cravo da Rua do Arsenal, lembrar cada lágrima, cada abraço, cada morte, cada traição, partir aqui com a ciência toda do passado, partir, aqui, para ficar...

Assim mesmo, como entrevi um dia, a chorar de alegria, de esperança precoce e intranquila, o azul dos operários da Lisnave a desfilar, gritando ódio apenas ao vazio, exército de amor e capacetes, assim mesmo na Praça de Londres o soldado lhes falou: Olá camaradas, somos trabalhadores, eles não conseguiram fazer-nos esquecer, aqui está a minha arma para vos servir. Assim mesmo, por detrás das colinas onde o verde está à espera se levantam antiquíssimos rumores, as festas e os suores, os bombos de lava-colhos, assim mesmo senti um dia, a chorar de alegria, de esperança precoce e intranquila, o bater inexorável dos corações produtores, os tambores. De quem é o carvalhal? É nosso! Assim te quero cantar, mar antigo a que regresso. Neste cais está arrimado o barco sonho em que voltei. Neste cais eu encontrei a margem do outro lado, Grandola Vila Morena. Diz lá, valeu a pena a travessia? Valeu pois.

Pela vaga de fundo se sumiu o futuro histórico da minha classe, no fundo deste mar, encontrareis tesouros recuperados, de mim que estou a chegar do lado de lá para ir convosco. Tesouros infindáveis que vos trago de longe e que são vossos, o meu canto e a palavra, o meu sonho é a luz que vem do fim do mundo, dos vossos antepassados que ainda não nasceram. A minha arte é estar aqui convosco e ser-vos alimento e companhia na viagem para estar aqui de vez. Sou português, pequeno burguês de origem, filho de professores primários, artista de variedades, compositor popular, aprendiz de feiticeiro, faltam-me dentes. Sou o Zé Mário Branco, 37 anos, do Porto, muito mais vivo que morto, contai com isto de mim para cantar e para o resto.

Aqualung

Para abrir o apetite a um Novo Ano que aí está à porta.
Lá para o começo de 2009 vêm aí “performances” de semelhante quilate!
:-)

The Colony of Slippermen

... e outras que de tão antigas parecem ter perdido sentido com o tempo. Terão?

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Sky Blue

... e há coisas que são simplesmente tão belas como o nascer do sol, mesmo quando somos capazes de não o ver.

I Grieve

O homem pode dizer o que quiser ao Larry King, ou seja lá a quem for, mas a canção é belíssima. No original é ainda melhor. Triste, é certo, mas terna e bela como deviam ser todas as canções.

Zorba, o cão que morreu de amor e saudade

continuando de visita pela memória, ao meu passado recente. pelo Zorba


Zorba, o cão que morreu de amor e saudade

Zorba nasceu no mato e aí cresceu acarinhado pelos tropas de uma companhia portuguesa em Angola, no tempo colonial. Aprendeu a viver ao lado e do lado dos militares e desenvolveu particularidades que faziam dele um cão respeitado, até pelo cruzamento de raças que faziam ele um bicho não muito grande, do tipo pastor alemão, mas com a força de um leão da Rodésia: uivava religiosamente à alvorada e ao recolher, rosnava e, sempre que podia, mordia nos negros angolanos, e passava o resto do tempo deitado, com o olhar posto lá longe, meio triste.

No fim da comissão militar viajou para Luanda com os seus companheiros de sempre, que sabiam carregar um problema, pois ninguém assumia que garantiria o destino do cão. Mas um familiar de um soldado que preparava as malas para regressar ao “puto” albergou o animal e a demanda foi rápida.

Nos dez anos que se seguiram, Zorba manteve o estilo mas teve uma vida diferente. Estava longe do quartel mas nunca falhou a hora do toque, encostou ao muro da casa vários negros aventureiros que se defendiam das investidas com as suas bicicletas e motorizadas, numa demonstração de racismo sem explicação razoável, e dormia, aterrava o focinho no chão e dormia, dormia talvez embalado pelos sonhos do mato, das corridas lentas e cautelosas dos tempos da guerrilha.

Embora amarrado na frontaria da casa a uma longa corrente de prender vacas e bois, sempre que lhe apetecia desatava os grossos elos de ferro com meia dúzia de puxões e lá ia ele tirar as vistas de miséria. Ninguém sabe por onde andava, apenas que regressava uma, duas semanas depois, magro e com um olhar mais tranquilo, eventualmente aliviado das usuais tensões animais. Deixava-se amarrar à corrente entretanto reparada, dócil, comia, bebia e voltava a dormir.

Na casa que também passara a ser sua, Zorba não tolerava fosse quem fosse que, por hipótese, falasse mais alto que os seus novos donos. Atravessava o corpo à porta da entrada, vigilante, e à saída, veloz, rosnava e ferrava os fundilhos do prevaricador. Com a brincadeira ainda mandou para o hospital um vizinho mais apaixonado por um clube de futebol diferente do dono da casa que ousou bater com a mão na mesa.

Também atravessava o corpo à porta da entrada sempre que a dona sofria mais com as suas enfermidades. Aflita com falta de ar e com o coração fraco, a mulher deitava-se numa espreguiçadeira, no varandim da entrada, porta aberta, e Zorba montava guarda. Assim foi noites e noites a fio, cacimbasse ou não, fizesse chuva ou não, com ou sem calor.

Cada vez mais doente, a dona teve de viajar para local mais recatado, na Europa, onde os médicos e a família a pudessem acudir em caso de necessidade. E, uma noite, dia 25 de Junho de 1975, o coração da mulher, muito fraco, recusou-se a bater mais. Nessa mesma noite, Zorba desatou a uivar de forma imprevista. A triste notícia ainda não tinha chegado pelo telefone já o cão uivava estranhamente, fora de horas e sem interrupção. Nessa mesma noite, Zorba deixou de se alimentar para todo o sempre, como se a greve de fome marcasse o mais veemente protesto contra a infelicidade que também o acometera. Zorba morreu de amor e saudade duas semanas depois, magro como um cão, rouco, com o olhar posto lá longe, profundamente triste.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2008

Pelo corpo todo

Agora que os postais de Natal caíram em desuso, agora que os e-mails de Natal estão em alta, uma simples imagem para todas e todos do meu conhecimento.

Pelo corpo todo, está bem?

:-)

quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Ora pôrra!, até que enfim!!!

Ora pôrra!, até que enfim!!!
Haja alguém nos jornais que, finalmente, não se fixa no "fait-divers" do "sim, não/novo partido".
Ora pôrra que aparece alguém a dizer que percebeu o que o homem, afinal, disse preto-no-branco.
O último período, em particular, é delicioso. Recomendo a leitura integral.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Coragem de mudar

Manuel Alegre levou, ao encerramento do Fórum "Democracia e Serviços Públicos", o discurso que abaixo se reproduz.
Subscrevo muito do que o deputado do Partido Socialista afirmou na Aula Magna da Reitoria da Universidade de Lisboa. Agrada-me que Alegre diagnostique a necessidade da esquerda não se virar contra si própria, que aponte o verdadeiro momento histórico que Portugal (e, já agora, boa parte do Mundo...) vive e, sobretudo, que afirme (ou melhor, reafirme, porque outros já o afirmaram há imenso tempo) a necessidade da esquerda se afirmar como uma alternativa real de poder. Só por isto, pela (re)afirmação da "coragem de mudar", o chamado encontro das esquerdas valeu a pena.
Em plena crise, grave, muito grave, talvez seja tempo de os que, até agora, se manifestaram neutros e cúmplices reflectirem sobre o seu papel na sociedade.




Saúdo os meus colegas nesta sessão de encerramento.
Saúdo os oradores e moderadores dos debates que hoje se realizaram.
É possível debater ideias sem dogmas, sem sectarismos e sem demagogia. Isso só não é possível para quem não pratica a democracia.

Amigos, companheiros e camaradas:

Dante reservou os lugares mais quentes do Inferno para aqueles que em tempo de crise moral se mantivessem neutros. Suponho que há neste momento muitos lugares reservados. Para os neutros e para os cúmplices. E sobretudo para os que andaram a apregoar as delícias da mão invisível e da auto-regulação do mercado e agora recorrem à intervenção do Estado para socializar as perdas e preservar os seus bancos, as suas fortunas e os seus privilégios.
Este é de facto um tempo de crise, um tempo em que não se pode ser neutro. Tempo de decisão e coragem.
A coragem de Roosevelt quando, após a Grande Depressão, enfrentou os muito ricos com um política de fiscalidade redistributiva, com o reforço do papel dos sindicatos, com a elevação do nível geral dos salários, com a intervenção do Estado em sectores-chave da economia e com o estabelecimento de direitos sociais, como o serviço público de saúde. Que nomes não nos chamariam em Portugal se hoje disséssemos o mesmo.
A coragem do Governo da Frente Popular presidida por Léon Blum, quando, em 1936, tomou um conjunto de medidas fundadoras dos modernos direitos sociais. Entre eles as férias pagas e as imagens para sempre inapagáveis dos operários que partiam a cantar, de bicicleta ou de comboio, para pela primeira vez verem o mar e gozarem as praias que até então eram só de alguns.
Coragem para mudar a sociedade e a vida. Coragem para estar ao lado dos desempregados e desfavorecidos e não para, à custa dos dinheiros públicos, salvar um banco privado que administra grandes fortunas. Coragem para mudar. A começar por nós mesmos. Coragem para se saber de que lado se está do ponto de vista das lutas sociais. Coragem para dialogar onde até agora se monologava. Coragem para convergir onde até agora se divergia.
Esta não é uma iniciativa inter-partidária. E por isso não está nenhum partido a menos nem nenhum partido a mais. Estão aqui cidadãs e cidadãos que não querem ser neutros e pretendem, em conjunto, procurar novas respostas, convencidos de que é possível construir soluções alternativas e de que é esse o papel da esquerda: não se conformar, não se resignar, não desistir.
Muitos de nós combatemos, por caminhos diferentes, o pensamento único que nos últimos vinte e tal anos desregulou o mundo aplicando em toda a parte as mesmas receitas: diminuição do papel do Estado, redução dos serviços públicos ou a sua gestão em concorrência com os privados, esvaziamento dos direitos sociais, deslocalização, desemprego, exclusão, precariedade, corrupção, destruição do ambiente, agravamento das desigualdades, empobrecimento progressivo da qualidade da democracia.
Começou com Reagan e Thatcher, culminou com Bush e da pior maneira: com a guerra do Iraque, os voos da CIA e Guantánamo, símbolo tenebroso do desrespeito pelos Direitos do Homem de cuja proclamação se celebram agora 60 anos. E por isso é que a eleição de Barack Obama, que é, em si mesma, um factor de mudança cultural e cívica, constitui uma tão grande e porventura desmedida esperança.
Ao longo de todo este tempo, desde a queda do muro de Berlim, o capitalismo ficou sem concorrência, mesmo que para muitos de nós ela não fosse a mais desejável. E ficou também sem a resistência da social-democracia. Agiu como se tudo lhe fosse permitido. Algumas das conquistas sociais que vinham de 1936 e do pós-guerra foram sistematicamente desmanteladas ou reduzidas ao mínimo. Por outro lado, a globalização também globalizou as desigualdades. O resultado está à vista: colapso do sistema financeiro, recessão económica, uma democracia mais pobre, consequências sociais imprevisíveis. Está a acontecer na Grécia, amanhã pode ser em Espanha, pode ser na França, pode ser aqui. Em toda a parte.
Não é possível resignarmo-nos ao nível de desigualdades existente no nosso país. Segundo os índices da OCDE, somos um dos três países daquela organização onde há maiores desigualdades. E somos o país da União Europeia onde há mais desigualdade na distribuição da riqueza. Há qualquer coisa de errado no nosso modelo de desenvolvimento.
Há qualquer coisa que não bate certo num país em que cerca de 18% de portugueses vivem no limiar da pobreza e uma minoria de gestores se auto-atribui milhões e milhões em prémios, indemnizações e salários.
Há qualquer coisa de indecoroso na promiscuidade entre o exercício de cargos políticos e os negócios privados.
Há qualquer coisa do avesso quando o novo Código do Trabalho é elogiado pelo Presidente da CIP.
Há algo de obstinado e cego e surdo quando se insiste numa avaliação por quotas, administrativa e economicista, que está a paralisar a escola pública e a desqualificar a Administração Pública em geral.


Os debates que hoje se realizaram sobre “Democracia e Serviços Públicos” permitiram por certo estabelecer pontes e convergências para a construção de políticas alternativas. Não são um ponto de chegada, mas um ponto de partida. E seria interessante que cada um desses painéis pudesse continuar autonomamente a aprofundar o debate e encontrar novas soluções. Em torno destes temas é com certeza possível encontrar convergências.
Permitam-me agora algumas reflexões e propostas sobre a Democracia e os Serviços Públicos.
O conceito de serviços públicos como actividades de interesse geral que o Estado se obriga a prestar a todos os cidadãos surgiu no século passado. Foi então assumido que se tratava de necessidades colectivas que não podiam ser resolvidas pelo mercado.
A obsessão desreguladora dos anos oitenta pôs em causa este conceito e forçou a abertura ao mercado e à concorrência de sectores até então considerados “Serviços públicos”, como as grandes indústrias de redes (energia, telecomunicações, transportes ou serviços postais). Esses serviços passaram a designar-se como serviços de interesse económico geral.
O processo continuou em áreas essenciais ao cumprimento dos direitos sociais (educação, saúde, segurança social), com a entrada em força do mercado nessas áreas e a criação da figura das parcerias publico-privadas para substituir o que até então fora considerado serviço público.
Assistiu-se ao endeusamento do mercado e à diabolização do Estado, mesmo quando os níveis de satisfação desceram, o desemprego aumentou e os custos dispararam. E à sombra das parcerias publico-privadas floresceram grandes negócios privados e desvirtuaram-se regras de transparência obrigatórias no serviço público.
No direito comunitário, o coração do debate sobre os serviços públicos está no artigo 86 do Tratado Europeu, segundo o qual as empresas que prestam serviços de interesse económico geral estão sujeitas às regras da concorrência.
É preciso questionar e eliminar esta situação. A submissão dos serviços públicos às regras da concorrência priva o Estado de intervir em áreas essenciais para a satisfação das necessidades básicas dos cidadãos e distorce a avaliação dos serviços prestados.
É inaceitável que os serviços públicos sejam tratados como se fossem uma qualquer mercadoria.
É inaceitável que se defenda a perda de milhares de empregos no sector público como condição de progresso.
É inaceitável que se instituam regras de avaliação na educação cujo objectivo é “emagrecer” o número de professores na escola pública.
É inaceitável o encerramento de serviços públicos no interior do país, que contribui, às vezes por forma dramática, para a desertificação do território.
É inaceitável a entrega sistemática ao privado de sectores económicos rentáveis, nomeadamente na área da energia.

A saída da actual crise financeira, económica e social exige que a esquerda apresente políticas alternativas ao modelo neo-liberal e especulativo ainda dominante. Políticas que se baseiem na solidariedade, na sustentabilidade e na cooperação.
Defendo por isso como prioridades:
• o abandono da agenda da “flexisegurança” por uma agenda do “bom emprego”. Isto implica que não se pode abdicar de promover o pleno emprego, com reconhecimento dos direitos dos trabalhadores, incluindo a protecção na saúde e a conciliação do tempo de trabalho com a vida privada e familiar
• o combate à especulação financeira e o reforço dos poderes reguladores e intreventores do Estado
• o investimento público em sectores produtivos e geradores de bem estar social, desenvolvimento e emprego sustentável
• uma distribuição mais equitativa do rendimento e da riqueza como condição do desenvolvimento, através da garantia de salários e pensões mínimas mais elevados e da taxação fiscal de salários e pensões milionárias
• a promoção de políticas contra a pobreza, nas áreas da formação, emprego, habitação, acção social e direitos dos imigrantes
• o reconhecimento do direito à água como um direito humano
• a defesa e reforço da escola pública, do serviço nacional de saúde e da segurança social pública, como garantia de direitos fundamentais dos cidadãos
• a definição de políticas públicas para as cidades, que incluam o transporte, a habitação, o património, a cultura, o ambiente, o espaço público e a participação cívica
• a defesa da qualidade de vida e o combate à especulação imobiliária
• o incentivo a práticas de protecção do ambiente e de eficiência energética

Por todas estas razões, a esquerda tem de promover e aprofundar o debate sobre os serviços públicos e o seu papel numa democracia moderna e de qualidade.


Amigos, companheiros e camaradas

Uma crise como a que o mundo está a viver é também uma oportunidade de mudança. Uma oportunidade que a esquerda não deveria desperdiçar. Ninguém nos perdoaria. Uma oportunidade para propormos soluções de mudança e uma oportunidade para nós próprios também mudarmos. E neste sentido talvez o caminho seja mais árduo e mais complexo.


Não se trata de fazer revoluções já feitas e passadas.
Não se trata de reescrever a história que já está escrita.
Não se trata de inventar novos dogmas, novos sectarismos e novas excomunhões.
Ninguém é proprietário da esquerda, ninguém tem o monopólio da verdade, ninguém é dono do futuro.
A nossa força está na nossa pluralidade, nas nossas diferenças e, no respeito por elas, na nossa capacidade de construir convergências.
É esse o novo e grande desafio moral e político.
É essa a coragem de que precisamos. A coragem de não nos repetirmos. A coragem de abrir novos caminhos.
Não estamos aqui para tentar impedir que outros cresçam, mas para que toda a esquerda possa crescer em todos os sentidos. Não apenas eleitoralmente. Mas cívica e politicamente.
Porque esse é que é o problema. Crescer para quê? Para que políticas? Com que rumo? E para onde?
É preciso que parte da força eleitoral da esquerda não se vire contra si mesma. E muito menos contra as outras esquerdas. Porque essa tem sido a fragilidade das esquerdas europeias e da esquerda portuguesa. Há, por um lado, a esquerda do governo, que quando o é deixa de ser praticante. E a outra, que frequentemente se acantona no contra-poder.
Talvez aqui as convergências sejam mais difíceis de construir. Mas eu estou aqui para falar com clareza, com verdade e com fraternidade. Em meu entender, esse é o novo tabu que é preciso quebrar. A reconfiguração da esquerda implica a capacidade e a vontade de construir uma perspectiva alternativa de poder. Esta é a nova coragem que é preciso ter. Não só a coragem de resistir e persistir, de que muitos de nós temos experiência, mas a coragem de virar a página e construir uma nova esperança e uma nova alternativa.
Sei que não é fácil e não há agendas escondidas. Sei que é algo que não se decreta. Sei que é um processo que, para ser viável, exige consistência e passa pela difícil construção de uma via nova e de uma base programática sólida.

Mas estou de acordo com o que recentemente escreveu Rui Tavares: “Essa é a responsabilidade histórica da esquerda portuguesa. Mas não sabemos se ela vai estar à altura dessa responsabilidade.” Eu acho que precisamos de ter a coragem de estar à altura. Até porque, como diz o mesmo autor, “se o desejo da esquerda é transformar a sociedade portuguesa, o momento aí está.”

Permitam-me também que vos diga, com toda a franqueza e fraternidade, que a reconfiguração da esquerda portuguesa não se fará sem o concurso de eleitores, simpatizantes e militantes do Partido Socialista.
Permitam-me que daqui saúde os meus camaradas socialistas desempregados ou em trabalho precário. Os meus camaradas socialistas que se sentem inseguros com a crise e ameaçados por novas falências. Os meus camaradas socialistas professores que com muitos outros lutam pela suspensão de uma avaliação absurda. Os meus camaradas socialistas funcionários públicos que, apesar de todos os bloqueios, continuam honradamente a servir o Estado. Os meus camaradas que em condições difíceis, nos hospitais civis, trabalham para defender e dignificar o serviço nacional de saúde, grande bandeira e grande conquista da democracia portuguesa. Permitam-me, enfim, que saúde os meus camaradas socialistas que com outros milhares de trabalhadores se manifestam, resistem e protestam contra o novo Código do Trabalho, que representa, como disse Jorge Leita, um retrocesso civlizacional.
É para eles que vai neste momento o meu pensamento e a minha fidelidade de militante socialista.


Um grande português chamado Antero de Quental falou do socialismo como protesto moral contra a injustiça e a exploração. Foi há muito. Mas continua a ser uma boa inspiração para todos nós. Os explorados, os oprimidos, os deserdados da vida foram e são a razão de ser da esquerda. É por eles que estamos aqui, não pelas grandes fortunas, desculpem-me a insistência, do Banco Privado Português.


Amigos, Companheiros e Camaradas:

Eu acho que foi muito bom estarmos aqui a debater. Este debate constitui uma mudança de significado político e cultural.
Há muita gente insatisfeita. Eu também quero mais.

E agora, perguntarão?

Agora há que encontrar o caminho.
E esse caminho somos todos nós. São todas as cidadãs e cidadãos que querem outra política e outra alternativa. Por uma democracia, mais limpa, mais justa e mais solidária.