quarta-feira, 27 de maio de 2009

Por uma vez na vida, sejam homenzinhos


Oliveira Costa deixou, na Comissão de Inquérito da Assembleia da República, matéria suficiente para que Dias Loureiro e Vítor Constâncio sejam, por uma vez na vida, homenzinhos, i.e., se demitam!

Em oito longuíssimas horas, o ex-presidente do Banco Português de Negócios expôs um vasto leque de acusações que merecem da Democracia a mais rigorosa das atenções. Além de todos os "não comento" que ficaram no ar - o que só reforça que o homem só falou do que quis e como quis, independentemente do quando quis que todos já sabíamos -, Oliveira Costa desmentiu claramente Dias Loureiro ("Quando Dias Loureiro regressou da conversa com o Banco de Portugal, transmitiu-me que acabara de falar com António Marta e que em síntese tinha lhe feito sentir que a supervisão estava constantemente em cima do BPN"), tentou salvar o Banco de Portugal de responsabilidades ("Se apreciarmos o que se passa lá fora, temos que concluir que algo falhou"), alargou acusações ("Paradoxalmente foi um grupo de 10 accionistas e particularmente 4, que conscientemente manipularam os factos e impediram a venda do grupo a estrangeiros"), sabia a quem erguia o dedo ("Em 30 de Agosto, que é o meu dia de anos, um grupo de accionistas criou uma armadilha. Depois contrataram um especialista que em vez de mostrar o risco, retirou a espoleta e transformou a armadilha em kamikaze" e, ainda, deixou matéria para o Ministério Público apreciar ("A minha assinatura é muito falsificada, é fácil de imitar, vou mandar já averiguar se é o caso", sobre a venda da Biometrics por um dólar), etc., etc., etc..

Foram oito longuíssimas horas de uma história que está longe do epílogo. Até lá, Dias Loureiro, conselheiro de Estado, e Vítor Constâncio, um dos governadores de bancos centrais mais bem pagos do Mundo, não têm grandes alternativas. Ainda assim e se não souberem ser homenzinhos, que Cavaco Silva e José Sócrates assumam a única possibilidade política que lhes resta: abrirem em par as portas da saída.

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