segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Tenho saudades de ti, velhote.

Tenho saudades de ti, velhote.

Tenho saudades de me sentar no teu colo a ler o "Norte Desportivo", de passar as tardes de sábado na cozinha a fazer pão-de-ló de 18 ovos, de me safares de uma coça das boas por ter fintado o banho depois de ter andado todo o dia a andar de bicicleta por campos enlameados. Tenho saudades das refeições enlatadas que preparavas num abrir e fechar de olhos, para meu grande espanto, quando a madrinha, deitada e doente, nem como ela podia. Tenho saudades de ir ao circo e ficar de olhos esbugalhados com as acrobacias dos artistas, das noites de luta livre em que era mais bem mais animado o que se passava no público do que as façanhas do ringue. Tenho saudades de quando me levavas pela mão para comer um gelado, do sorriso lindo e terno com que me olhavas e perdoavas todas as diabruras de miúdo.

Tenho saudades de ti, velhote.


Tenho cada vez mais a certeza de que vou ter saudades tuas, velhote, até ao fim dos meus dias, mesmo que consiga chegar a velhote como tu. Resisti um dia para repor estas letrinhas que aqui reproduzo, mas foi violento. Fazes-me falta.

Um comentário:

Anônimo disse...

Muitas vezes sinto um aperto ao pensar que um dia, pela ordem natural das coisas assim será, escreverei umas linhas assim. Podem não ser tão bonitas. Serão, seguramente, tão sentidas.
Para além do aperto, tenho medo.

Isabel