segunda-feira, 14 de abril de 2008

Jornais amarelos

No espaço de pouco mais de meia dúzia de horas encontrei no "Diário de Notícias" algo de não gostei nem um bocadinho e outra coisa de que gostei imenso.

Na edição de domingo, uma crónica (de que, infelizmente, não consigo colocar aqui a respectiva ligação) do Jorge Fiel, personagem cá do burgo tripeiro, justamente muito admirada, que, agora, investido nas funções de redactor principal do dito jornal, deu em defender a liberalização dos despedimentos como a fabulástica poção para a resolução dos problemas laborais em Portugal, porque, como o próprio explica, quem, neste momento, é contra a revisão do Código do Trabalho é "amish", isto é, velho, passadista, bolorento e retrógrado. Pasmei, vindo de quem veio, e engoli em seco. Novos tempos, concerteza.

Um tempito depois, na edição de segunda-feira, dei de caras com uma crónica (a ligação está aqui) de outro redactor principal do mesmíssimo jornal, Ferreira Fernandes (cada vez mais menos admirado cá por mim, e se alguém tiver dúvidas poderei fazer um desenho...), explicando e trocando as voltas do bê-à-bá da triste polémica em torno da contratação da Fernanda Câncio para um programa da RTP2. Li, reli e aplaudo, sem rebuço. Outros tempos, concerteza.

O jornal em causa não é paradigma de coisa nenhuma, mas, apesar de tudo, ainda vai conseguindo equilibrar as sensibilidades, as diferenças e as divergências sobre as quais é possível e desejável, em teoria, construir um bom jornal. Pluralista, aberto e democrático.

O que não é válido para todos, como é sabido. Porque, para ser sincero, andam por aí uns jornais mais amarelados pelo seu todo, ou será que aindamais ninguém percebeu o jogo?

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