sábado, 10 de maio de 2008

"Bombs: Special."



Só alguém de uma insensibilidade à prova do inimaginável não é sensível ao horror que só pode ter sido a bomba de Hiroshima, lançada pelos Estados Unidos da América sobre Hiroshima, Japão, a 6 de Agosto de 1945.

Julgava, na minha pobre ignorância, que estava já tudo dito, visto e lido. A começar pelas vítimas da talidomida, informação que preencheu parte da minha cabeça enquanto criança. Mas não!

Tropeço, pois, num artigo do jornal "Le Monde". E tropeço também, consequentemente, para quem entretanto absorveu o essencial da notícia, numa foto, essa mesmo!, a que encima esta posta. Alegadamente, o registo fotográfico foi obtido nos primeiros dias após a largada da primeira bomba atómica, às 8.17 horas daquele dia trágico para a Humanidade. O que se percebe pertence, sem a mais ligeira nuvem de dúvida, ao Inferno em vida: um chão feito numa pirâmide imperfeita de cadáveres.

Aquela foto é, apenas, uma de dez imagens inéditas obtidas por Robert L. Capp, um soldado norte-americano que participou na força de ocupação do Japão e que doou o seu espólio, em 1998, à Hoover Institution, na condição de apenas ser revelado uma década depois. Como reza a dita notícia.

Não cheguei a encontrar na Internet - também não fiz muito por isso... - as restantes imagens que, certamente, só podem espelhar o esplendor da besta humana. Mas tropeçei uma vez mais, agora noutra bestialidade de trazer por casa, embora de igual modo perturbante: a ordem de ataque emitida a partir da Califórnia à desgraçada tripulação do Enola Gay informava que a bordo seguiria uma bomba especial, assim mesmo redigido, "Special".

Quem ainda tiver curiosidade mórbida pode seguir o rasto das ligações. Eu já vi demasiado.

P.S.: A colecção de fotos de Robert L. Capp pode ser vista aqui.

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